terça-feira, 8 de janeiro de 2008

FRANCESCO PETRARCA Italia, Arezzo(1304-1374)

SONETO CXXXII

Si no es amor, ¿qué esto que yo siento?

mas si no es amor, por Dios, ¿qué cosa y cual?

Si es buena, ¿por qué es áspera y mortal?

si mala, ¿por qué es dulce su tormento?


Si ardo por gusto, ¿por qué me lamento?

Si a mi pesar, ¿qué vale un llanto tal?

Oh, viva muerte, oh deleitoso mal,

¿por qué puedes en mí si no consiento?


Y si consiento, error es quejarme.

Entre contrarios vientos va mi nave

-que en alta mar me encuentro sin gobierno-


tan leve de saber, de error tan grave,

que no sé lo que quiero aconsejarme

y, si tiemblo en verano, ardo en invierno.



segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

critica ao filme girl, interrupted (rapariga interrompida)

Sinopse do filme: "Girl, Interrupted" baseia-se numa parte da vida da escritora americana Susanna Kaysen que, nos anos 60, se viu recambiada para uma instituição psiquiátrica devido às suas tendências suicidas e aos indícios de personalidade "borderline". Winona Ryder interpreta Susanna, uma jovem outsider que não consegue manter uma relação estável com os pais e se perde em caminhos menos iluminados. O que ainda a mantém à superfície é a sua paixão pela escrita, prazer esse que ela assume como sendo aquilo que deseja fazer no futuro. Ao chegar à instituição, Susanna convence-se de que vai lá ficar apenas por algum tempo para descansar, mas com o passar do tempo e com a interacção com as suas companheiras de ala psiquiátria, percebe que tem realmente problemas para resolver. Entre as suas colegas, contam-se uma rapariga de cara desfigurada (eterna menina inocente), a rapariga com distúrbios alimentares, a "obcecada pelos Valiums e frangos", a mentirosa patológica e a selvagem e manipuladora Lisa (Angelina Jolie, na interpretação que lhe valeu o Óscar), uma sociopata. Susanna terá de avaliar a sua personalidade, compreender a sua doença e admitir alguns dos seus caprichos."

Critica: Apesar de este filme incidir principalmente no papel da personagem Susana, é de muito mais interesse, pessoal e pedagógico, a personagem Lisa, interpretada por Angelina Jolie. Isto porque esta ultima se revela muito mais proeminente e cativa da atenção do publico durante todo o filme e, muito além disso, merece muito mais investigação a nivel psicológico...
A perturbação borderline de que é exemplificativa a personagem Susana está mal retratada, sendo de salientar mais, relativamente a esta personagem, o choque cultural que os seus comportamentos não convencionais, provocam naquela época, daí ela ser tida como louca e internada num hospital psiquiatrico.
Já Lisa revela-se uma personagem intrigante que reune condições para uma perturbação de personalidade narcisica e anti-social, muito pouco comum em mulheres, mas muito bem representada em estilo feminino.O filme refere que lhe foi diagnosticado sociopatia. Este termo, hoje em desuso, devido à conotação social que lhe era atribuída, remete-nos para o que designamos perturbação anti-social da personalidade. A titulo de curiosidade, uma análise mais profunda de Lisa, leva-nos a inferir o modelo parental a que foi sujeita na infancia: Lisa no final do filme, diz: “Há muitos limites a implorar serem excedidos (…) E faz-me pensar... Faz-me pensar. Por que ninguém excede os meus? Por que sou tão negligenciada? Por que é que ninguém tenta arrancar de mim a verdade e me diz que sou uma maldita pega e que os meus pais desejavam que eu estivesse morta?” Isto demonstra um sentimento de privação emocional por parte de Lisa, que refere sentir-se negligenciada e que os pais desejavam que “estivesse morta”, o que nos permite conjecturar a existência de pais pouco empáticos, pouco protectores, pouco afectuosos…A família de origem poderá ter sido emocionalmente distante, fria, rejeitante, imprevisível ou abusadora, criando a expectativa de que os outros não lhe proporcionaram um grau normal de suporte emocional. Lisa adopta um estilo cognitivo e comportamental oposto ao que seria de esperar, adoptando comportamentos narcisicos e anti-sociais, numa tentativa de compensação da sua privação emocional. Ao mesmo tempo, pode ser posta a hipótese da família de origem ter sido permissiva, sobre-indulgente, não impondo limites, caracterizando-se por falta de orientação, direcção e supervisão adequada. Enquanto criança, Lisa pode não ter sido levada a tolerar níveis de frustração ou desconforto normais. Embora parecendo, isto não é uma análise linear, nem tão pouco superficial, levou horas de análise dos seus comportamentos e frases, ditas ao longo do filme, através de uma base teórica e amplamente investigada por profissionais de saúde. Muito mais poderia ser dito acerca desta personagem e da sua componente psicológica e muito há para explicar acerca das inferencias aqui retratadas, mas não querendo ser enfadonha, convido a verem o filme com olhar atento e critico e, caso estejam interessados em saber mais sobre o conteudo psicológico, façam as questões no blog que terei todo o gosto em responder. Demais acrescento que adorei fazer esta análise e agradeço ás minhas colegas que me ajudaram - Juliana e Rita, amigas do coração, das horas más e dos trabalhos e, ao meu professor da cadeira de Terapias cognitivo-comportamentais nas Perturbações de Personalidade - Mestre Daniel Rijo.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Esperando o vazio

Sonho e espero, sempre demais, do nada!

E espero…Vou esperando…esperando…

E percebo! Ou quem sabe, vou tentando…

Até à hora que fico cansada!

E continuo percebendo…do nada!

Mas chega de espera! Cansei, cansada!

Cada entidade segue seu caminho,

Em direcção ao seu lugar marcado,

Onde o coração é depositado!

Tudo o que resta é, apenas, carinho,

Que não dá, embora doce, o conforto

A quem dá mais amor…e o deixa morto!

Qual dor?

De não poder ter o caminho eleito?

Qual dor?

O vazio não causa dor…é perfeito!


Escrever poesia


Não escrevemos poesia porque é bonito mas, porque pertencemos à raça humana e a raça humana está impregnada de paixão!”

(no filme: “A sociedade dos poetas mortos”)

Gato

Os sonhos nascem, sem pedir permissão

Nas mãos de um homem qualquer…

Onde se instala a prisão

De um novo renascer…

Livre sem querer…

E procuro-te a ti…

Ao anoitecer!

E tu não estás…

E continuas a querer!

Procuro-te…ao anoitecer!

Lua sem luz, reflecte algo

Misterioso ao teu olhar…

Gato malvado a passear

Na beira de um muro,

A espreitar!

Palavras flutuam…

Perdidas em ondas do mar…

Como desejo te encontrar!

Gato perdido…

Luar escondido…

Mar distante…

A tua voz…hesitante…

Almas vendidas

Nada morre no passado…presente!

Não é pó, o cair da estrela cadente…

Tudo é brilho, de luz que ninguém vê!

Porque só os deuses, belos, a sentem…

Na névoa, do ser, de cada um, que crê,

No poder das suas almas que vendem!

Eu vendi minha alma…Mas onde? Quando?

Não me lembro! Nem tão pouco sei a quem!

Sei que na hora, ele virá, a meu mando!

Porque me pertence! E sabe-o, tão bem!

Esse que sua alma vendeu…Inocente!

No autocarro

Uma mulher sentada…desdentada!

Sua perna ela coçava…desenfreada,

Em frente a mim…frenética! Coitada!

Parecia fugir…doente, drogada!

Seus fios de cabelo oleoso…pranto

Daquele banho que ficou esquecido…

Traz ao colo um saco…com cuecas, branco!

Segurando-o nas mãos…negras e sujas!

Falava comigo…mas não me via!

E eu não ouvia o que ela me dizia!

Na verdade, ela sozinha falava

E olhava…olhava…mas nada notava…


O que se esconde…

Na escuridão da minha curta vida,

Procuro nela um refúgio seguro;

Onde esconda a minha calma perdida,

Onde sonhe o impossível futuro…

Fito-me no espelho e vejo um olhar,

Que esconde amarguras do coração…

Reflectido, vejo-o, triste, brilhar…

E uma gota tímida cai no chão…


Lá fora…


Chove! Cão abandonado passeia

Molhado! Procura lugar de abrigo,

Neste tempo frio! Tal ele anseia!

Nestas ruas isentas de perigo,

Senão, somente, em ilusões perdidas!

Oh! Quantas horas, ao demais, vividas!

Nestas ruas estreitas, onde passam

Memórias de tão longe! Esquecidas…

Quimera proibida

Doce, quente, desejo me assombra a mente!

Perigosas pulsões de sangue ardente,

Percorrem, sedentas, corpo sem dono!

Sôfrega ilusão de tão doce noite!

Louca quimera! Minha perdição!

Razão que não vê efémera paixão!

Insónia

A noite cai silenciosa e chuvosa,

Com suas sombras, sem se verem, vagueando.

O sono não obedece a meu mando;

Já não basta minha alma tão teimosa!

Tão distante de tudo que deixei,

Não sei se vim; não sei se lá fiquei…