sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Silêncios

Há silêncios mais profundos que o próprio silêncio...
E gritos de dor aguniantes que ninguém ouve!
Há corridas incessantes, que não levam a porto algum
E árvores esbeltas que não produzem fruto nenhum!

Há tintas espalhadas pelo chão da calçada,
Nessa rua estreita, por onde ninguém passa!
Nessa rua onde o pintor deixou a sua marca
Era tudo o que tinha! Ficou sem nada!

O ceú perdeu as nuvens e não sabe de que cor é!
A noite perdeu as estrelas e a lua fugiu!
A terra e o gelo das montanhas, sucumbiu!
E o mar não sabe mais de que lugar é!

Neste escarcéu, alguém permanece escondido
Com os olhos cerrados a todo o momento,
Sonhando que um dia seja recolhido
Por alguém de sons e termos desprovido !

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Petrificada

Constantemente observando expectante
as experiências dos demais...
Com a tristeza paralisadora no olhar...
Sem saber para onde caminhar e saltar!

Sem vínculo seguro de oportunidade
Sem estímulos cativadores de criatividade
Sem potencialidades crescentes nem decrescentes...

As telas são pintadas de cores, lá fora
O branco é colorido de negro cá dentro
Onde o silêncio perdura na caixa das respostas.

Transportada para um mundo paralelo
Percorro as ruas fétidas e desertas
Onde os mortais extintos me deram lugar!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Embriaga-te

Devemos andar sempre bêbados.
É a única solução!
Para não sentires o tremendo fardo do tempo
que parte tuas espáduas e te verga sobre a terra,
deves embriagar-te sem cessar.
Com vinho, com poesia, ou com virtude.
A teu gosto, mas embriaga-te!
E se alguma vez,
sobre os degraus de um palácio,
sobre as verdes ervas de uma vala,
na sombria solidão do teu quarto,
tu acordares com a embriaguez minorada ou finda,
pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio,
a tudo o que gira, a tudo o que voa, a tudo o que canta, a tudo o que fala;
pergunta-lhes que horas são.
E o vento, a onda, a estrela, a ave, o relógio, responderão:
"São horas de te embriagares.
Para não seres como os escravos martirizados do tempo,
embriaga-te, embriaga-te sem descanso!
Com vinho, com poesia ou com virtude,
mas embriaga-te!"

(Charles Baudelaire)

P.S. Dedicado a quem acha que uma grande embriaguez é mais eficaz do que a ajuda de um psicólogo! lol

quarta-feira, 8 de julho de 2009

sábado, 20 de junho de 2009

Não tenham medo de sofrer...
De serem sofredores até morrer...
Neste mundo, quem ama sofre...
Neste mundo, quem tinha razão foi queimado vivo...
Neste mundo, os justos são loucos...
Neste mundo, os heroís são mortos...
Neste mundo, os correctos são ouvidos quando se calam...
Neste mundo, os sofredores são grandes artistas..
Os incompreendidos são detentores da razão...
Os fortes sofrem porque vão contra todos...
Mas no final, serão os vencedores!
Não desistam, mesmo sofrendo!

O direito...

Direito?
O que é um direito?
Alguém me sabe dizer?
Gostaria que alguém me soubesse explicar...
Porque vim de outro planeta e este planeta terra é muito estranho!!
Ouço falar que as pessoas lutam pelos seus direitos...
Então mas é preciso lutar por um direito?
O direito não é isso mesmo - direito...
No meu planeta lutamos pelo que queremos alcançar,
pelas nossas ambições.
Os direitos são adquiridos, porque pertencem a todos...
Não se luta por eles, já são deles!
Estranho o "direito" neste planeta!!
Se calhar andam todos equivocados...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Não sei dizer-te, porque me canso...

Não sei dizer-te o cansaço que me consome
E de que sede tenho,
de que fome...
Na tristeza inominável
que me detenho!

O dia repleto
de montanhas arduosas,
Me deixa no crepúsculo
singular,
Da cobertura de murchas rosas.

Deito-me!
Na imaginação da relva molhada.
Estou sossegada...
No canto da invisível fantasia.

Procuro dizer-te
Que o meu corpo não é mais este!
E que as palavras estão soltas
Na mente,
nas suas revoltas!

Vem deitar-te comigo...
Vamos descansar
E esperar,
Que o amanhã
seja tarde!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O brilho seca no olhar amargurado,
Como a água dos rios a evaporar,
Na exaustão do ar, neste dia pesado.

No silêncio, a noite parece calma...
E a dor rasga as entranhas da pele,
Com uma subtileza de óleo de palma.

Será a escuridão incógnita aterradora?
Ou será ela a mãe apaziguadora?

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Não sei o que sou, à parte de não ser
Aquilo que o mundo despejou!
Não sei, no silêncio, o que dizer
À parte das horas que consumou.

No revolver das águas lacrimais
Brilha a ponta da pele por onde passa,
Para dizer ao mundo de si e da escassa
dor que eles compreendem nos demais.

Que dizer ao vento, mudo, que sussurra
Palavras que não compreendo?
Para quê fazer ouvir o lamento
No eco vazio das rochas de uma gruta?

quarta-feira, 29 de abril de 2009

A realidade...

Não há quem possua a visão correcta da realidade!
Todas as visões da realidade são igualmente verdadeiras!
As visões de cada ser têm todas igual valor!
Por isso, infelizmente, a minha, também é verdadeira...

Hoje e amanhã...o mesmo!

Saber?Não sei tão pouco o que saber!
Sei o que sinto ao acordar no escuro amanhecer
Onde o nevoeiro esconde tudo, daqueles que só olham
Mas não esconde de quem sente, sem precisar de ver!

O movimento continua! As rotas são sempre as mesmas!
Ninguém pára ao maior grito!Ninguém quer saber!
Se ao menos eu fosse alguém, para tornar alguém
Naquilo que ninguém é e toda a gente quer ser...
Alguém!!

Se ao menos o silêncio não matasse
E a indiferença não torturasse...
Se o dinheiro comprasse
A igualdade de direitos e a liberdade...
O mundo faria sentido por metade!
Se o amor não fosse mais do que ele,
Se não houvesse senão pedaços dele...
Faria sentido a existência,
E a sua continuidade...


quinta-feira, 16 de abril de 2009

Estilos de amor

Eros - representa a parte consciente do amor que uma pessoa sente por outra. É o amor que se liga de forma mais clara à atração física, e freqüentemente compele as pessoas a manterem um relacionamento amoroso continuado. Nesse sentido também é sinônimo de relação sexual.

Psique - sentimento mais espiritual e profundo, baseado na mente e nos sentimentos eternos

Storge
- É o nome da divindade grega da amizade. Por isso, quem tende a ter esse estilo de amor valoriza a confiança mútua, o entrosamento e os projetos compartilhados. O romance começa de maneira tão gradual que os parceiros nem sabem dizer quando exatamente. A atração física não é o principal. Os namorados-amigos não tendem a ter relacionamentos calorosos, mas sim tranqüilos e afetuosos. Preferem cativar a seduzir. E, em geral, mantêm ligações bastante duradouras e estáveis. O que conta é a confiança mútua e os valores compartilhados. Os amantes do tipo storge revelam satisfação com a vida afetiva. Acontece geralmente entre grandes amigos. Normalmente os casais com este tipo de amor conhecem muito bem um ao outro.

Pragma - Pragma (do grego, "prática", "negócio") seria uma forma de amor que prioriza o lado prático das coisas. O indivíduo avalia todas as possíveis implicações antes de embarcar num romance. Se o namoro aparente tiver futuro, ele investe. Se não, desiste. Cultiva uma lista de pré-requisitos para o parceiro ou a parceira ideal e pondera muito antes de se comprometer. Procura um bom pai ou uma boa mãe para os filhos e leva em conta o conforto material. Amor interessado em fazer bem a si mesmo, Amor que espera algo em troca.

Philia
- Em grego, significa altruísmo, generosidade. A dedicação ao outro vem sempre antes do próprio interesse. Quem pratica esse estilo de amor entrega-se totalmente à relação e não se importa em abrir mão de certas vontades para a satisfação do ser amado. Investe constantemente no relacionamento, mesmo sem ser correspondido. Sente-se bem quando o outro demonstra alegria. No limite, é capaz até mesmo de renunciar ao parceiro se acreditar que ele pode ser mais feliz com outra pessoa. É visto por muitos, como uma forma incondicional de amar.

Estudos têm demonstrado que o amor cria uma actividade na mesma área do cérebro que a fome, a sede e drogas pesadas, criando actividade Polimerase. Ao longo do tempo, essa reação ao amor muda, e diferentes áreas do cérebro são activadas, principalmente naqueles amores que envolvem compromissos de longo prazo. Dr. Andrew Newberg, um neurocientista, sugere que esta reação de modificação do amor é tão semelhante ao do vício as drogas, porque sem amor, a humanidade morreria.

As Ciências Biológicas tem modelos de amor que o descrevem como um instinto de mamíferos, tal como fome ou sede. Na psicologia vê-se o amor como mais um fenômeno social e cultural. Há provavelmente elementos de verdade em ambas as posições - o amor é certamente influenciada por hormonas (tais como oxitocina), neurotransmissores (como NGF), e Feromônios, bem como a forma de pensar das pessoas, o que faz com que estas se comportem, em relação ao amor, de maneira influenciada por suas concepções.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Apesar da feminista que sou, deixo uma homenagem aos homens que o merecem:

- Por serem capazes de separar o amor do sexo, apesar dos seus instintos mais primitivos;
- Por se emocionarem e sentirem apesar de terem sido feitos para lutar;
- Por amarem e serem fieis a uma só mulher, apesar da evolução os ter concebido para espalhar os genes pelo maior número de mulheres;
- Áqueles que foram capazes de perceber que a igualdade entre sexos era um direito, apesar da cultura não lhes ensinar isso;
- A todos os que são capazes de ir além do que a natureza os fez e tornar o mundo um lugar melhor!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O que é a liberdade?

- Não andar na rua sozinha(o) de noite!
- Não falar com estranhos!
- Não aceitar ou dar boleia a estranhos!
- Não ficar em casa sozinho (a) com a porta aberta!
- Trancar as portas do carro, parado nos semáforos!
- Não atravessar a rua sem olhar com muito cuidado!
- Pagar para ver monumentos, castelos, palácios e parques naturais!
- Agarrar a mala no metro!
- Não andar por becos escuros!
- Não andar com muito ouro no pescoço, nos braços, nos dedos ou mesmo nas orelhas!
- Não ir de mini saia para a discoteca!
- Não aceitar bebidas de estranhos!
- Nunca deixar de ter em atenção o copo de bebida!
- Não responder ou elucidar os ciganos corruptos acerca do correcto!
- Não acusar um advogado ou polícia, de crime, porque ele ganha!
- Pagar 50 centimos para ir à casa de banho, na estação de comboios (Não se pode descer as calças e mijar no jardim)!
- Não poder estar na praia de noite, ao luar, a namorar, sem medo!
- Não poder ter um espaço para viver, livre... sem "pagar", com tudo o que temos!
...
O que é a liberdade?!

terça-feira, 7 de abril de 2009

segunda-feira, 30 de março de 2009

Ruído...

Na profundez do espírito há quem oiça...
Nada! E o som corrói as paredes...
Quero ouvir-te e não consigo
Há uma névoa sonora à minha volta
De um ruído ensurdecedor
De tão silencioso e incompreensível.
Não há quem entenda tamanha dor!
Não há revolta que subsista!
Neste mundo, o forte que persista
E a sua fraqueza seja sua força!

domingo, 29 de março de 2009

“ - Emoções?? Que é isso?”

A sociedade humana por vezes cansa-me !!Ou diria a estupidez humana!
Tanto se fala de inteligência emocional, ainda bem que se fala, porque há muita falta dela! Entendo o porquê de tanto tempo o termo ter sido desconhecido. Só se falava da inteligência intelectual. Tanta importância lhe foi dada, que o homem tem evoluído, evoluído, mas apenas nesse campo. No que toca a inteligência emocional há muitos que a têm a ZERO !!
E depois temos políticos com baixo QE (quociente emocional) a querer governar, a estipular leis de aborto, de eutanásia, leis penais, com QE de…vai-se lá saber quanto !!
E temos médicos brilhantes a querer ensinar outros futuros médicos a lei da vida, ou da sobrevivência, porque a vida é muito mais do isso! Mas, baixos QE não entendem!
E temos advogados e juízes muito inteligentes (dirão os avaliadores) a julgar assassinos, violadores, raptores…mas pergunto, que sabem eles dos efeitos nefastos nas vítimas ou das emoções dos próprios réus? Dois, cinco, dez anos de prisão, chegam? Para quem? Para quê? É isso que fará com que a vítima saiba lidar com as emoções profundas e ambíguas que tem agora e as quais não consegue integrar saudavelmente na sua estrutura mental? É isso que fará o réu evoluir o seu QE de grau negativo, para, pelo menos Zero, o comum dos mortais? Então pergunto, estamos a fazer o quê?
E temos psicólogos e psiquiatras (sim, não escapam) a falar tanto de empatia – “é essencial ser empático”; “o doente tem de se sentir compreendido”; “temos de nos saber colocar no lugar do outro” e depois, vemos alguns fingirem essa empatia (os que ainda se dão ao trabalho), quando não entendem, nem sentem um pouco desse sofrimento e dessa complexidade que têm à sua frente. E então refugiam-se em teorias, em terapias estipuladas, em saber fazer o que outros tentaram e resultou. Muito bem, estamos a formar médicos da mente! QE = ZERO!!
Falamos de evolução, de teorias evolutivas do animal para o homem, da mente animal para a mente humana (que mantém as suas estruturas primitivas). Bem, na minha opinião, e vale o que vale, falamos da evolução de animais para máquinas! Já é um passo! Acho que mais depressa evoluíamos o Quociente Emocional dos animais, do que o dos Homens…!

quarta-feira, 18 de março de 2009

quinta-feira, 5 de março de 2009

O que há em mim é sobretudo cansaço


"O que há em mim é sobretudo cansaço

Não disto nem daquilo,

Nem sequer de tudo ou de nada:

Cansaço assim mesmo, ele mesmo,

Cansaço."


(Álvaro de Campos)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Sabe bem olhar de cima...e desejar voltar a baixo...


Sabe bem olhar de cima as escadas percorridas! E relembrar o desespero do olhar lá em baixo, quando elas se avistam imensas e infinitas. Esse desespero tornou-se a alegria de todo o alcance que a visão adquiriu, agora que o cimo lhe proporciona a visão de todos os ângulos, até à linha do infinito. É tão bela a paisagem que todo o sofrimento parece ter sido agradável e repleto de sentido!
As escadas foram difíceis de subir! Muitas vezes parava pelo cansaço mórbido do corpo e desejava que elas terminassem, quando pareciam ainda não ter fim… Chorava quando procurava ver a última escada e ela não aparecia no campo de visão, como se não existisse, ou estivesse, ainda, a léguas de distância! Pensei por vezes voltar para trás, seria mais fácil descê-las…mas nunca veria o cimo…
Olhando para cada degrau deixado para trás, pensando em cada gota de suor emanada, em cada lágrima deitada, o sabor da caminhada concretizada é o da mais deliciosa iguaria! Findo o cansaço, o esforço, a esperança, o desespero, a força, a vontade, a meta, a finalidade, o andar, o correr, o parar, o chorar, o tentar, o agarrar, o procurar, o desejar, o medo, a ansiedade, a confiança…resta o olhar…admirar e…a saudade…de sentir a vida como ela é no seu melhor!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A inércia da mortalidade

É nesse templo mais escuro que se ouvem zumbidos obscuros
de uma lentidão sonora irritante...
Uma cave húmida, a cheirar a terra,
percorre os sentidos do ser que habita nela...
O sonho é estranho e feito de peças sobrepostas...
Sem sentido aparente à consciência humana.
Uma lágrima seca os olhos sem vida...
Brota de uma fonte onde o musgo vive ainda.
Passa devagar pela pedra fria e escorregadia
e perde-se pela sua superfície morta!
O silêncio instaura-se no cume mais alto,
onde se avista o céu mais de perto
e a lua parece estar ali ao lado...
É noite de repente...
Está frio!Não se ouvem cigarras, nem se veêm pirilampos...
Apenas o som do respirar, cada vez mais lento...
E o sentimento de solidão no ar...
Cai no chão...devagar...como se se deitasse no seu leito materno...
Deixa de se ouvir o silêncio...
O respirar...
Está escuro...
É noite...lá fora...
e dentro!
Morreu o ser!